Classificação deixa autarca de Tavira com "enorme satisfação"
A decisão foi hoje conhecida em Baku, no Azerbaijão, durante a 8.ª Sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Unesco, onde está presente uma delegação portuguesa, liderada pela Câmara de Tavira, que submeteu a candidatura transnacional em conjunto com o Chipre, a Croácia, a Grécia, a Espanha, a Itália e Marrocos.
Após ser conhecida a decisão, o presidente da Câmara de Tavira, Jorge Botelho, disse à agência Lusa que "é uma satisfação enorme" o reconhecimento da Unesco, porque "não é todos os dias que a terra e a comunidade onde se tem responsabilidades se transformam em património da Humanidade" por uma declaração do "órgão máximo a nível mundial para a inscrição de propostas e boas práticas culturais".
"É o corolário de mais de dois anos e meio de trabalho. Começámos este trabalho há muito tempo por proposta e convite do Governo português e quero agradecer ao Governo português pela ajuda que nos deu e agradecer a todos os que trabalharam nesta candidatura", acrescentou o autarca.
Jorge Botelho sublinhou que a distinção da dieta mediterrânica como Património Imaterial da Humanidade é "seguramente uma grande oportunidade, mas acima de tudo é um grande reconhecimento daquilo que Tavira é hoje" e representa um "enorme potencial" para o concelho, o Algarve e Portugal.
O presidente da Câmara algarvia admitiu que, após a classificação por parte da Unesco, é agora necessário trabalhar para manter as características que levaram à aceitação da candidatura e potenciar turística e economicamente a dieta mediterrânica.
"Isto trás uma enorme responsabilidade de preservação e de sustentabilidade para o futuro daquilo que nós estamos a fazer hoje. A Unesco reconhece patrimónios autênticos, patrimónios preservados e boas páticas que devem ser seguidas para o futuro. Ora esta é que é a base da nossa candidatura, da nossa autenticidade e o nosso valor que hoje foi reconhecido", afirmou Jorge Botelho.
Depois da classificação do fado, há dois anos, Portugal volta a integrar a lista de bens do Património Imaterial e Cultural da Humanidade com a dieta mediterrânica, sendo esta a primeira vez que a região do Algarve vê a sua cultura reconhecida pela UNESCO.
Portugal tem Tavira como a sua comunidade representativa, que assegurou o processo técnico de preparação da candidatura, ao longo de dois anos e meio.
Estes países juntam-se agora à Grécia, Espanha, Itália e Marrocos, que viram inscritas, em novembro de 2010, as suas dietas mediterrânicas na lista do Património Imaterial da UNESCO.
A dieta mediterrânica, com origem no termo grego "daiata", é um estilo de vida transmitido de geração em geração, que abrange técnicas e práticas produtivas, nomeadamente de agricultura e pescas, formas de preparação, confeção e consumo dos alimentos, festividades, tradições orais e expressões artísticas.